domingo, 23 de fevereiro de 2014

Contrariedade à brasileira

Não teria orgulho em dizer que vivo num país sério.
Também não tenho vergonha de ver/ler/ouvir as críticas que chegam de fora sobre o Brasil.
Não acho que a copa do mundo seja lá “grandes coisas”, para mim ela nunca foi bem vinda.
- Foi durante uma copa do mundo que quebrei minha perna esquerda, jogando futebol (tentando).
Se a corrupção é endêmica e a cultura burocrática de quem ou do quê seria a culpa?
Se o “povão” é alienado (nos dois sentidos, de estar alheio à realidade e de ser manipulado) onde residem as causas?
Não há muitas explicações lógicas para se pensar o Brasil, há muito menos sentido em procurar explicar racionalmente uma realidade tão sensorial.
A impressão que tenho é de que vivemos em uma bomba prestes a explodir, mas cuja nossa "educação" nos poupa de encarar isso como uma verdade, “é apenas uma suposição”.
E assim, somos absurdamente ricos e confortavelmente pobres.
Hierarquicamente instruídos e burocraticamente analfabetos.
Sexualmente livres e afetivamente reprimidos.
Trepamos com a moral e dormimos de conchinha com os "bons" costumes.
(alguns tentam fazer amor com a moral, mas a "liminar" chega junto e rola no mínimo um “menage à trois”)
Sabemos que a corrupção é um problema, mas convivemos com ela naturalmente...
Ouvimos músicas de péssima qualidade ou de ótima qualidade com a mesma animosidade, quando paramos para ouvir (e não vejo isso como algo ruim).
Sambamos, sorrimos e choramos pelos mesmos motivos.
Queremos, negamos e desejamos com a mesma intensidade.
Recebemos as pessoas "de fora" em nossas casas de portas abertas e as fechamos para “os de casa”.
Demolimos casas para construções metafóricas, sem licença ou “danos morais”.
Ferimos e curamos com os mesmos remédios.
Militamos, politizamos e alimentamos a hipocrisia das nossas famílias nos finais de semanas patriarcais (pois “família é família”).
Somos amálgama de emoções e atitudes contraditórias.
Somos o cenário ideal para a anarquia organizada e a oligarquia disfarçada de democracia.
E quem vive, sobrevive apenas de ideias?
Somos uma boa companhia para um tal Século XXI que não contente em ser efêmero quer fazer história no vazio das situações. Não há luta de classes no século XXI, há luta de classes (ponto).

Saravá, meus amores, saravá brasileirxs!

Eu ficarei (por enquanto, por aqui...).

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